Belos vinhedos, instalações seculares, degustações... e o mais próximo que você estará do mítico vinho Pêra Manca
Por Rachel Verano
Os vinhedos da Quina de Valbom, nos arredores de Évora, onde acontece a bebida: coloridos pelo outono (Bruno Barata/Reprodução)
Pimenta, frutos silvestres, flores. Frutos vermelhos e especiarias. Todo o blá do mundo dos vinhos pode ser experimentado, aqui, pelo olfato. A brincadeira proposta pela Adega Cartuxa, nos arredores de Évora, tem como objetivo tornar o universo mais didático aos amantes da bebida. Como? Passa-se por um corredor, molha-se um pedacinho de papel no líquido (como nas lojas de perfumes) e pronto. Está ali toda a personalidade de cada uva. Essas descrições se referem, especificamente, aos aromas das uvas aragonês e trincadeira, que, juntas, dão origem a um dos vinhos mais desejados de Portugal: o mítico Pêra Manca.
As instalações do edifício do século 16: séculos de história (e bons vinhos) (Bruno Barata/Reprodução)
A experiência no “corredor de aromas” das principais uvas usadas na alentejanos é a etapa final da visita à Adega Cartuxa, gigante que produz 4,5 milhões de garrafas por ano de alguns dos vinhos portugueses mais queridinhos no mercado brasileiro, entre eles o EA, o Cartuxa e o Pêra Manca.
A sala de envelhecimento, recheada de barris de carvalho francês (Bruno Barata/Reprodução)
A visita, que sempre termina com degustações (e custa desde € 5 por pessoa), começa em um belo edifício do século 16, passa por salas de envelhecimento de tonéis de carvalho francês e segue pelas instalações que, ao longo dos séculos, incorporaram diferentes técnicas de produção que, hoje, cumprem um belo papel de museu.
Detalhe de uma das antigas tinas de envelhecimento, em concreto: museu (Bruno Barata/Reprodução)
É possível ver, por exemplo, ânforas gigantes de fermentação natural desenvolvidas na Argélia, além de enormes tanques de concreto.
O corredor de aromas: experiência sensorial (Bruno Barata/Reprodução)
Fundada em 1776, a Vinícola Cartuxa tem hoje 700 hectares de vinhedos no Alentejo, sobretudo das castas antão vaz, arinto e roupeiro (a base dos vinhos brancos) e aragonês, trincadeira e alicante-bouchet (a base dos tintos) – mas, a despeito do tamanho, a colheita ainda é majoritariamente manual.
A área externa da adega, perfeita para um belo passeio (Bruno Barata/Reprodução)
Boa parte da aura da Cartuxa reside hoje no fato de ser a produtora do Pêra Manca, um dos vinhos mais antigos e festejados do país (reza a lenda que era a bebida transportada nas caravelas de Pedro Alvares Cabral quando o Brasil foi descoberto). Naquela época, Pêra Manca era a denominação da região alentejana nos arredores de Évora (por causa dos seculares monólitos, “pedras mancas”).
A degustação ao final da visita: todos os produtos estão à venda na lojinha (Bruno Barata/Reprodução)
Com o passar dos anos, o nome passou a designar não a região, mas o produtor. A patente ficou então nas mãos da prestigiada Casa Soares até os anos 80, quando foi adquirida pela Cartuxa. A primeira safra da bebida na casa nova foi a de 1990. Desde então, o vinho so vai para o mercado em safras excepcionais. A última, por exemplo, foi a de 2011, comercializada a partir de 2015. Agora espera-se, ansiosamente, pela próxima leva – tudo indica que será lançada ainda este ano, com o resultado da colheita de 2013.
O mítico Pêra Manca: séculos de história (Bruno Barata/Reprodução)
Como tem uma produção limitadíssima, o Pêra Manca não é exatamente fácil de ser encontrado, pelo contrário. A vantagem de quem faz a visita guiada pela adega é que pode comprá-lo in loco, ao preço de € 194 (limitado a uma garrafa por pessoa e condicionado à visita). Por motivos óbvios, o vinho não faz parte da degustação oferecida durante o passeio.
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