Fomos feitos para engordar.
14-11-2017 21:28A Organização Mundial de Saúde (OMS) não se cansa de alertar. Mais de 50% da população mundial será obesa em 2025. (link para o texto do mesmo nome) Embora não sejam causas diretas para o desenvolvimento da obesidade, existem vários fatores do ambiente que nos rodeia que podem contribuir para um aumento do peso. Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, refere os mais importantes:
- Stresse
Faz mal e ponto. «Graças ao aumento da produção de cortisol [hormona produzida em momentos de maior stresse e associada a um aumento do apetite], o stresse pode resultar num aumento do peso. Além disso, é comum ter impacto no comportamento alimentar, levando a comer de forma compulsiva», assegura Paula Freitas.
- Sedentarismo
Portugal é o campeão europeu do sedentarismo. De acordo com o relatório do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF), 43% da população portuguesa com mais de 14 anos não cumpre qualquer critério internacional para a atividade física, podendo ser classificada como sedentária.
- Alterações do relógio biológico
Poucos as valorizam convenientemente. «Atualmente, deixámos de ter horas fixas para comer, isto é, não fazemos refeições formais [pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar] e passámos a comer de forma constante pequenas porções de comida, a petiscar continuamente, o que no final do dia representa um grande excedente energético que, não sendo gasto, se traduz num aumento do peso», diz Paula Freitas.
- Privação do sono
Dormimos pouco e descansamos mal. «Este fator está na origem de alterações hormonais, como acontece na produção das hormonas grelina [aumenta a sensação de fome] e leptina , que têm implicações na desregulação do apetite, isto é, aumentam a sensação de fome, promovendo uma maior ingestão alimentar», sublinha.
- Depressão
É outro dos fatores apontados pela presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. «A depressão, isolamento, comer às escondidas ou comer para tentar ultrapassar um evento adverso estão muitas vezes relacionados com o facto de a pessoa estar deprimida, tentando encontrar conforto na alimentação, o que pode traduzir-se num comportamento compulsivo a comer», adverte.
- Disruptores endócrinos
Poucos conseguem identifica-los. «São substâncias que podem estar no nosso ambiente em várias coisas, no plástico [copos e pratos], em alguns produtos de cosmética, em pesticidas, no ar, na água, no peixe, nas aves, que promovem a adipogénese, o que resulta numa maior formação das células de gordura. Há teorias que associam o aumento da obesidade ao aparecimento de alguns destes disruptores», refere.
- Má alimentação
É outra das causas. «Hoje, comemos demais para aquilo que é o nosso dispêndio energético, o que se traduz no aumento do peso. Além disso, as pessoas comem mal. Ingerem muito mais carne e peixe do que precisam, reduziram o consumo de vegetais e de fruta e passaram a ingerir produtos industrializados, com um grande valor energético e nutricionalmente pobres», critica.
- Medicação
Também aqui se cometem erros. «Há uma série de fármacos que podem estar associados ao aumento do peso, como corticoides, antipsicóticos, alguns antidepressivos e alguns medicamentos para o tratamento da diabetes. Contudo, é importante pesar os prós e contras da sua toma, pois, muitas vezes, estes são fundamentais para o bem-estar do indivíduo», esclarece Paula Freitas.
- Fatores sociais
Não podem, em qualquer circunstância, ser excluídos da lista. «O sistema de transportes (andamos de carro para todo o lado), o impacto da cultura e educação (apenas fazemos boas escolhas se estivermos educados nesse sentido) e o aquecimento global (estarmos sempre em ambientes climatizados diminui o dispêndio energético)», exemplifica a especialista portuguesa.
Os recursos económicos também não ficam de fora. «Quando são reduzidos, tendemos a fazer piores escolhas alimentares», sublinha a presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. Em Portugal, cerca de 16,6% dos cidadãos adultos são obesos, uma incidência que está acima da média europeia, que ronda os 15,9% em 2017. 57% das pessoas obesas são mulheres.
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